Meus pequenos prazeres: Mãe de bailarina.

Quando você era pequena e sentia muita dor depois dos ensaios ela fazia massagens e dava um chá para relaxar, vivia com você no ortopedista e no podólogo, perguntava aos professores se era normal e fazia propaganda a todos sobre como sua filha bailarina é persistente.
Quando você cresceu e passou a usar sapatilhas de ponta ela ficou paranóica, comprava todos os tipos de ponteira e via todos os documentários a respeito, mandava tomar cuidado com a coluna e queria um raio x todo semestre, levava água quente e rifocina pra você depois dos ensaios e apresentações...e fazia propaganda a todos sobre como sua filha bailarina é forte.
Na reunião de pais apertava sua maitrê e perguntava sobre tudo, brigava por preços justos e aulas melhores, contava histórias pra explicar a rigidez de quem te ensina a dançar, te ajudava a manter a dieta quando as primeiras espinhas apareceram e dizia a todos que sua filha bailarina era diciplinadíssima, sequer comia porcaria.
Quando você vagarosamente se tornou uma baialarina "independente" ela se fez de vítima, se sentiu pequena e até te pirraçou um pouco, mas nunca deixou de dizer a todos como tinha uma filha persistente, forte, disciplinada e madura...mal sabia ela que você era reflexo daquela mulher que foi fundamental na sua formação.
Talvez sem ela eu tivesse desistido nas primeiras dores, na primeira bronca, na primeira vontade de comer aquelas coisas que os pré adolescentes adoram. Muito obrigada a minha mãe e meus parabéns pelo dia dela.
Meu muito obrigada por não deixar que meu pai me proibisse de dançar na primeira lesão e por abrir mão de tanta coisa pelos meus ensaios, apresentações e estudos, por dizer que daria certo mesmo quando diziam que poucos conseguem ter êxito nisso.
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